Fim de tarde. Tempo frio e escuro...as nuvens cobrem a cidade, prometendo água caída dos céus. Adivinhava-se uma desagradável noite.
Apanho o autocarro. O veículo desliza com alguma velocidade pelas ruas e avenidas da capital. As luzes dos candeeiros públicos já acesas, o trânsito acumulando-se, num sem número de pessoas de regresso a casa num incansável desejo de retorno ao lar.
O autocarro continua o seu trajecto um pouco mais rapidamente na sua faixa. Passamos por uma paragem onde, no canto da mesma, um jovem casal de namorados saciava a sede de um doce beijo. Ao vê-los algo senti que não pude controlar...um desejo veemente de ti, dos teus lábios a seduzirem os meus, a tua boca desejando a minha, os teus braços envolvendo o meu corpo tremente, as tuas mãos percorrendo as minhas costas, num abraço de desejo mútuo de amor e prazer...e o calor do teu corpo invadir o meu, protegendo-o do ar frio daquele fim de tarde nostálgico.
Chego a casa e sinto o calor, o conforto...mas não o que desejara na rua...do teu abraço meigo, quente e singelo; os teus braços enlançando-me com ternura, as tuas mãos massajando, o teu corpo envolvendo o meu corpo frio...
E apenas me resta o desejo...o desejo de alguém...o desejo de ti.
. Sou tua
. Chuva
. ...
. Meu anjo
. Sou tua
. ...
. Meu anjo
. ...
. ...
. ...